Ouça a M80, faça o download da App.
Gonçalo Palma
19 abril 2024, 17:06
Partilhar

Pedro Adão e Silva: "o futuro da música de intervenção parece particularmente vibrante"

Pedro Adão e Silva: "o futuro da música de intervenção parece particularmente vibrante"
LUSA
Gonçalo Palma
19 abril 2024, 17:06
Continuação das entrevistas à volta de músicas pela liberdade. Desta vez, falamos com um melómano muito especial.

Pedro Adão e Silva, até há pouco tempo ministro da Cultura e comissário executivo das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, nunca escondeu que a música é uma das suas paixões pessoais. Admirador da música afroamericana, sobretudo o jazz e a soul, encontra nela o poder melódico, rítmico e (por vezes) mensageiro, com uma simplicidade desarmante.

Esta terá sido uma das últimas entrevistas (se não mesmo a última) que Pedro Adão e Silva deu enquanto ministro da Cultura, dada há algumas semanas. 

O Pedro é um filho da democracia, nasceu com ela, não é? Creio que foi pouco menos de um mês depois do 25 de Abril que nasceu... 
... 15 dias depois. 

A música ajudou a desenvolver essa consciência sociopolítica em si? 
Não estou certo disso. Acho que cheguei à relação com a música de muitas formas, e não sei se foi determinante nessa consciência. Talvez ela tenha corrido em paralelo, mas há temas, talvez aqueles que são mais distantes da consciência sociopolítica marcada pelo país e pela história concreta de Portugal, que posso ter chegado a eles via música. Ou seja, se cá foi menos a música de intervenção portuguesa que a minha consciência sociopolítica portuguesa, ela é, se calhar, porventura consequência da consciência sociopolítica, mas há outros horizontes e outros universos musicais que, esse sim, foram fundamentais para me alertar para mundos mais distantes, não é? Porque há um efeito também de aproximação. 

E que temas foram esses que o despertaram? 
Tudo que tem a ver com a música negra e a longa história e a longa tradição da música negra associada à intervenção social e política, que é uma história longa, mas muito diversificada e muito interessante do ponto de vista musical e criativo. Julgo que é onde a relação entre intervenção política e social e criatividade musical é mais conseguida nesse universo da música negra, que tem muitos representantes e que tem uma capacidade de síntese também muito interessante. Acho que do ponto de vista puramente musical, o universo da música de protesto ligado à música folk, à música popular, tem coisas fantásticas, mas talvez com menor diversidade e menor riqueza. Com isto, não estou nem perto nem de longe a diminuir alguns dos músicos que aliás estão certamente entre os meus favoritos de todos os tempos e que também têm um pé nesse lado da intervenção. Estou a pensar desde logo no Bob Dylan, não é? Que apesar de tudo continua a ser um músico... É ainda hoje um músico de intervenção, basta pensar no último disco [“Rough and Rowdy Ways”] que abre com aquele longo tema [‘Murder Most Foul’] sobre a morte do Kennedy. Então, também é preciso alguma complexidade na forma como olhamos para o que é a música de intervenção. Mas eu diria que esse universo da folk - que tem o Woody Guthrie, depois que criar esse momento de grande reinvenção com Bob Dylan acima de todos, mesmo no quadro de tudo o que era feito, o Pete Seeger, etc - é uma trajetória um pouco mais linear do que aquilo que se passa no universo da música negra, onde nós olhamos hoje para o Sault, por exemplo, e percebemos que neles está contido tudo. O Inflo, aliás, quando recebeu, julgo, o [Ivor Novello Award] no ano passado, disse mesmo isso: citou um conjunto de nomes importantes na música de protesto e na música de intervenção negra e disse, “eu sou vocês, eu sou esta longa história”. Isto é também muito importante a derivação para o jazz. Há coisas no jazz que são música da intervenção e uma música de consciência social e política, desde coisas que se calhar não olhamos talvez com esses olhos, mas em última análise o “Love Supreme”, do John Coltrane, é isso. Mas coisas marcadamente de intervenção e que hoje, porventura, são menos ouvidas, mas que vem a ser o hip-hop e o rap mais recentemente, ou pensar nos Last Poets, ou no Gil Scott-Heron, mas também o Archie Shepp e o [seu álbum] “Attica Blues” [de 1972], que é um extraordinário disco sobre aquilo que aconteceu na prisão de Attica, com os motins e a morte de uma série de prisioneiros, mas que não deixa de ser um disco de jazz. 

Em relação ao Gil Scott-Heron, temos o caso de um tema bastante emblemático, ‘The Revolution Will Not Be Televised’, que é um tema que eu sei que está na playlist do Pedro. Esse tema marcou também bastante o Pedro? 
Comecei a ouvir hip-hop no final do secundário. Portanto, já estamos a falar do final dos anos 80. Já conhecia os Public Enemy, etc. Há aí uma tradição muito interessante, e que depois, o que acontece sempre na descoberta musical é que, por vezes, vamos descobrindo coisas anteriores que conferem um significado novo àquilo que ouvimos entretanto. Eu descobri o Gil Scott-Heron depois de conhecer coisas que existiam nessa altura. Por exemplo, há um outro projeto musical muito interessante nesse cruzamento da palavra dita e do universo da música negra que eram os Disposable Heroes of Hiphoprisy, e que são de facto uma citação, ou uma recitação daquilo que o Gil Scott-Heron já fazia. Nós vamos olhando com outros olhos ou escutando com outros ouvidos alguma música por força de coisas que descobrimos posteriormente, estou pensar no Billy Bragg foi alguém que ouvi muito também. Nós não conseguimos compreender o Billy Bragg sem perceber o Woody Guthrie. Mais tarde, o Billy Bragg vem a fazer aqueles dois discos com os Wilco em que musicam as letras que o Degusri tinha deixado por musicar. Eu conheci o Billy Bragg antes do Woody Guthrie, ou mesmo a forma como o próprio Bruce Springsteen popularizou um determinado cânone da música de protesto norte-americana. Ele próprio tocava o This Land Is Your Land no princípio dos anos 80. As coisas estão sempre muito intrincadas. À pergunta: como é que isso ajudou a formar a minha consciência social e política? Eu não consigo identificar um nexo de causalidade. Interessa-me primeiro a música que gosto como música. E há muitas coisas que gosto muito que têm essa componente social e política, mesmo que às vezes seja um refutar dessa lógica mais direta da música de protesto. Foi o que o Dylan, a partir de certa altura, procurou fazer de forma genial. 

Claro que é importante esse primeiro contacto, a empatia com a música em si mesma no plano sensorial. Mas será que a consciencialização dessa mensagem torna ainda mais prazerosa a escuta dessa música, dá-lhe uma grandeza ainda maior? O que é que o Pedro sente quando, de repente, interioriza mais a mensagem depois da empatia com a melodia e com a parte instrumental?
Sim, a música gera e provoca emoções, mesmo que não tenha uma única palavra. A terceira sinfonia do Gorecki é música política de intervenção, sobre o holocausto, sobre os campos de concentração. E não sei se mesmo desconhecendo esse facto, não ouvimos e não escutamos aquela música, que na verdade tem uma parte cantada, que são inscrições que foram encontradas nas paredes dos campos de concentração, mas que nós não precisamos de as compreender para gerar essa emoção. Agora, quando há uma compreensão, porventura, quando ouvimos o Gorecki, aquilo que já nos emociona provoca uma emoção adicional. Há uma não-neutralidade. Outro exemplo: é frequente em festas de aniversário, quando vem o bolo de anos, começarem a cantar o 'Happy Birthday' do Stevie Wonder. A maior parte das pessoas desconhece o sentido daquela canção, mas é uma música totalmente de intervenção. O 'Happy Birthday' é dedicada ao Martin Luther King e é uma música de protesto para que o dia do aniversário do Martin Luther King passasse a ser feriado nos Estados Unidos, que foi uma luta prolongada. Entretanto, já é feriado. E essa música é sobre isso. Quem a canta de forma alegre numa festa de aniversário desconhecendo isto, não gosta nem mais nem menos da música. Portanto, as coisas são relativamente autónomas e a música tem essa capacidade única de provocar emoções, mesmo quando desconhecemos o sentido que o autor quis dar, mesmo quando tem palavra, quando é cantada.

Entrevista a Pedro Adão e Silva

Até mesmo o próprio ‘Verdes Anos’ do Carlos Paredes, que é uma música instrumental, claro, e é feita para o filme, “Verdes Anos” [realizado por Paulo Rocha], acaba por gerar simbolicamente uma sensação de desencanto com o Antigo Regime.
Essa música pode ter três existências. A versão que conhecemos do filme do Paulo Rocha, a música em si, para quem não a conhece, e ainda há música com a versão cantada com o poema do Manuel Alegre. São necessariamente três leituras diferentes da mesma música. O contexto e o sentido do autor acrescentam camadas de leitura. Mas, por vezes, a leitura que fazemos sem conhecer o contexto não é exatamente aquela que é pretendida. Por isso é que eu estava a dar o exemplo do Stevie Wonder e do ‘Happy Birthday’. Mas a música, porque tem uma capacidade única, é uma linguagem universal e tem uma capacidade única de provocar emoções, é um veículo também para dizer alguma coisa. E quando isso tudo se junta, pode ser ainda mais interessante. 

Imagino que o Pedro tenha crescido num ambiente em que se ouvia música de cantores de intervenção. Quais dessas músicas realmente mexeram com o Pedro? 
Sim, cresci num ambiente com essa banda sonora, desde logo na escola onde andava [Externato Fernão Mendes Pinto, em Lisboa], onde isso era muito vivido. Tive a sorte de em miúdo ter conhecido alguns desses cantores de intervenção e vê-los a tocar em casa dos meus tios e não só em concertos. Cresci em todo esse ambiente e essas canções confundem-se com as músicas da minha infância. E nisso sou igual a muitas pessoas que nasceram em meados da década 70. Nós crescemos com essas músicas e elas para mim têm um sentido que é muito pessoal. Mas eu também separo isso daquilo que estava a dizer sobre outro tipo de música de protesto. Mas sim, eu cresci com o Fausto, com o Sérgio Godinho, com o José Mário Branco, com o Zeca Afonso.  

E se calhar com o José Barata Moura. Em criança, ouvíamos todos as suas músicas. 
Exatamente. E também outras coisas, também brasileiras, porque aí havia também uma enorme proximidade. Um dos discos que eu gostava muito quando era criança, e que por acaso consegui passar aos meus filhos, era o 'Saltimbancos' do Chico Buarque, que é um disco de canções de intervenção política para crianças, com toda uma fábula em torno dos animais. 

Lembro-me em criança do boom do rock português, que se tornou muito mediático. Apareciam muito na televisão figuras como a Lena D’Água,  o Rui Veloso, os UHF, os Táxi...
Os Heróis do Mar.

Havia também espírito de intervenção mesmo que de forma mais subtil e indireta.
O ‘Esquadrão da Morte’ dos Xutos? Na primeira versão que eu conheci, que era a primeira gravação do ‘Esquadrão da Morte’, era dedicada às FP-25 e, portanto,  não podia ser mais explícito. Era daquele disco do Rock Rendez-Vous. Acho que essa é a primeira versão que há do ‘Esquadrão da Morte’ em disco. Já ninguém sabe o que são as FP-25, mas, na altura, toda a gente sabia. 

Desse grupo de músicas rock que foram aparecendo ao longo dos anos 80 em Portugal, houve alguma de consciência sociopolítica que tivesse sido mais pertinente para o Pedro? 
No Rock português dos anos 80 não há assim nada que me ocorra como de intervenção que eu tenha gostado. As coisas que eu gostei mais na música portuguesa dos anos 80 não têm essa faceta. Estou a pensar em coisas muito desafiantes e mesmo muito interessantes e muito próprias e com uma linguagem que nem se percebe bem porque é que ficou só cá: estou a pensar nos Mler Ife Dada e nos Pop dell’ Arte, que não tinham esse lado [de intervenção]. Ou tinham esse lado de intervenção, com outros temas... os Pop dell’ Arte em particular. Porque também isso é muito interessante, porque era a emergência de alguns temas que o próprio processo de transição para a democracia não tinha dado particular centralidade. Estou a pensar no Querelle dos Pop dell’ Arte, citando o filme [do cineasta Fassbinder]. Eram temas de sexualidade, e isso não era os que estava presente [antes, nos anos 60 e 70]. Acho que a música também tem isso: a capacidade de introduzir temas que nos são distantes. 
Isso foi um período de enorme exuberância criativa da sociedade portuguesa, em que se estavam também a questionar as fronteiras do que é que é considerado música de intervenção. Por força de termos tido um regime autoritário durante décadas - com coisas que não aconteceram do ponto de vista musical [em Portugal] e que aconteceram nos outros países - há uma espécie de libertação tardia. A emergência dos Heróis do Mar é também interessante como afirmação contra aquilo que era a identidade quase hegemónica da música de intervenção, como se rapidamente o país tivesse de fazer tudo e o seu contrário e de superar esses dilemas. Estou a citar assim um pouco de cor, ainda para mais a tentar traduzir para português, mas há aquela canção dos Smiths onde o Morrissey diz que não é porque teres uma guitarra acústica que és um cantor de protesto. Eu ganhei essa consciência cedo, isto é, que a música de protesto não era só o músico folk a cantar... Eu gosto imenso disso, ou seja, não estou com isto a pensar, mas a música de protesto não é só o cantor folk a cantar uma canção sobre a guerra ou a ameaça nuclear ou a revolução. Há muitas outras coisas. Também é a visão do protesto muito etnocêntrica. 

O Pedro falou de figuras do som alternativo como o Morrissey. Tendo crescido a crescer bandas indie, houve algum grupo ou música mais ativistas que o tenham impressionado? 
Antes disso, o punk. Eu gostei muito e gosto muito de punk. Claramente, o "Never Mind the Bollocks" e também "Great Rock 'n' Roll Swindle" dos Sex Pistols, dois vinis que comprei muito cedo. E os Clash. Os Clash tinham uma mensagem mais desenvolvida, não é? 

Mas [os Sex Pistols eram] mais nihilistas e hiper-críticos, mas também de certa forma muito intelectualizados, porque é um exercício intelectual. Os Sex Pistols são uma construção intelectual. Há a curiosidade que a ideia encontrou os agentes da ideia com essa aparência de que aquilo era tudo uma coisa básica e superficial quando não era assim. Aquela última frase do Johnny Rotten no último concerto quando ele pergunta se “alguma vez tiveram a sensação de que foram enganados”. É assim que os Sex Pistols acabam [num concerto em São Francisco, em janeiro de 1978]. Essa crítica do punk associada ao situacionismo liga-se a versões mais óbvias dos Clash, logo no início, como o ‘White Riot’. Não há coisa mais direta de reivindicação quando há os motins todos dos negros em Londres: “eu quero um motim branco, um motim para mim mesmo”. [24:22] Isso foram coisas que eu ouvi muito e que ainda gosto. É a primeira coisa de consciência e na cara da música folk. Mas eu nunca tive essa ideia de que “se eu gosto dos Sex Pistols, não posso gostar da Joan Baez”. “Não”, mas eu gosto dos dois. Nunca me impediu de continuar a ouvir a Joan Baez, aquelas coisas que a minha mãe e o meu pai ouviam, ou de ouvir os Sex Pistols, ou o que Leonard Cohen fez, que gosto mesmo muito. O “The Future” [álbum de 1992] é quase uma coisa punk, não é? A música ‘The Future’ é uma coisa quando ele diz...É uma coisa... É a mesma atitude do Johnny Rotten. É a mesma coisa, talvez ainda mais inteligente.  

Entrevista a Pedro Adão e Silva

Lembro-me de ver na tua playlist de temas de intervenção como 'People Have the Power' da Patti Smith, 'Get Up Stand Up' de Bob Marley, 'The Revolution Will Not Be Televised' de Gil Scott-Heron, 'A Change Is Gonna Come' de Sam Cooke. Por que razão essas músicas são especiais para si?
Essa playlist de que estás a falar foi uma de 30 músicas que me fora pedida pela Juventude Socialista, para um encontro de juventude, para ouvirem músicas de intervenção e músicas políticas com tempo longo. E portanto, eu tentei contar um pouco essa história, onde está desde a Beyoncé e o Kendrick Lamar ao Sam Cooke. Agora citei de novo três músicos negros, mas o 'Freedom' da Beyoncé ou 'All Right' do Kendrick Lamar já estão no 'A Change Is Gonna Come' do Sam Cooke. E, portanto, há aqui uma história da música de protesto que tem muitos ângulos e muitos olhares.  

Estará lá nessa playlist o 'Strange Fruit' da Billie Holiday? 
Sim, está lá, sim. É uma música com uma brutalidade, não é? É um pouco como a 3ª Sinfonia do Górecki. Nós ouvimos aquilo e suspeitamos que o que está ali em causa é mesmo muito sério. Provoca-nos e desperta-nos emoções. Provavelmente muitas pessoas já ouviram o 'Strange Fruit', porque é um standard que está muito conhecido e de facto quando ouvimos Billie Holiday cantar aquilo, nós não precisamos saber que o 'Strange Fruit' são os negros pendurados nas árvores, mortos pelo Ku Klux Klan. Mas quando a ouvimos, percebemos que ela está ali a falar de qualquer coisa que importa mesmo muito e que tem um certo dramatismo. 

Entrevista a Pedro Adão e Silva

É como o ‘L'affiche Rouge’ de Léo Ferré, em que sentimos o peso atmosférico do tema, que é sobre o fuzilamento dos membros da resistência pelos nazis em França.
As canções da resistência são também um universo interessante. No [álbum] "Songs from a Room", do Leonard Cohen. As canções do Leonard Cohen, designadamente nessa fase, são canções de amor, de amores perdidos, de amores difíceis. É esse o universo muito autocentrado, no entanto está lá o 'Partisan'. É uma canção da resistência. E isso mostra que há multitudes, não há só uma coisa única. E que muito daquilo que se fez de interessante na música tem um lado de compromisso social e político, no sentido muito lato. 

E, muitas vezes, as versões dão de repente uma nova guinada à canção, à própria história da canção, como o 'Respect' dos Otis Redding, que ao passar a ser cantado por Aretha Franklin, muda toda a perspetiva sobre o pedido de respeito ao cônjuge.  
Para mostrar que a interpretação pode sugerir coisas diferentes do sentido da canção, algumas das coisas que o Chico Buarque fez para passarem pela censura e que não se percebia, como o 'Apesar de Você'. É uma música sobre a ditadura. 

Hoje em dia, pessoas de inteligência interventiva como a Capicua, o Dino D’ Santiago ou a Garota Não impressionam-te?
Impressionam, em primeiro lugar, pela qualidade e pelo interesse musical de como utilizam a música como veículo para dizer qualquer coisa. Eu não tenho nada uma visão pessimista ou cética em relação à qualidade e à criatividade e ao futuro da música de intervenção. Acho que ela é particularmente vibrante, seja cá, como o Dino ou a Garota Não, ou olhando lá para fora. Há bocado falava do Kendrick Lamar e dos Sault, que são um projeto verdamente singular e uma excentricidade. Tudo aquilo é pensado como compromisso social e em nada diminui a criatividade musical, bem pelo contrário. Acho que isso é uma coisa que tende a andar de braço dado.

Pedro Adão e Silva faz parte de um lote de entrevistados para o podcast documental "Canta Liberdade", sobre músicas de causas, que pode ser ouvido neste link.